sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Parabéns a todos nós, Psicólogas e Psicólogos!




Estamos comemorando, na verdade, o aniversário da Lei 4.119/1964, que regulamentou a profissão. Profissão que, inicialmente, procurou compreender o homem em sua individualidade, em seu processos psíquicos de inquietações e angústias. Hoje, mais de 40 anos da data de regulamentação da profissão, a busca é por uma compreensão do homem como ser biopsicossocial, como um ser coletivo e sócio-histórico. A psicologia encontra-se entrelaçada às diversas questões sociais e à execução de diversas políticas públicas. Estamos conseguindo expandir a nossa atuação para além dos consultórios privados e compor forças de saberes que lutam pela ampliação da cidadania e constituição de subjetividades autônomas. Somos psicólogos, é verdade, e principalmente pelo nosso papel de contribuir com a promoção de saúde mental, estamos diretamente envolvidos nas políticas públicas, na busca incessante de diminuição das desigualdades sociais, de empoderamento dos sujeitos e de construção de uma sociedade mais justa.

De Wundt para cá, muita coisa mudou e também muita coisa surgiu, muitos estudos estão compondo esse campo que, cada vez mais, é convidado a se inserir em espaços antes nunca pensados.

Parabéns a tod@s psicólog@s que têm compromisso com o seu trabalho focado na responsabilidade social!



Para refletir sobre nossa sociedade e o papel que nos cabe....



África Mãe (Poema Musicado)
Composição: Tim Maia


imagem retirada da internet: África mãe


Viemos de um mundo
Distante além
Do alto mar
Nos trouxeram sem permissão
Tivemos que ficar
Viemos de um navio
Sem a mínima condição
E aqui nos forçaram
A trabalhar, meu irmão
Mas eu insisto
Pois eu existo
Quero respeito, não abro mão
E sem nos dar a mínima
Ou estudar
Para que jamais ficássemos
Em condições igual
Humilhação, maus tratos
Surras, torturas sem igual
Quase total extermínio
De uma raça tão legal
Capaz, inteligente e sobretudo bonita
E os anos se passaram
E foram passando
E pouca coisa mudou
Mas eu insisto
Porque existo
Quero respeito, não abro mão
E pouca coisa mudou
Pois o povo
Que aqui foi trazido acorrentado
Ainda continua preso a condições
Ainda piores que no passado
Escravidão
Ainda é visível e constante
O preconceito, firme e ambulante
Mas eu insisto
Eu não desisto
Quero respeito, não abro mão
Pois em toda parte
O racismo existe
E quando isso existe
Fica tudo muito triste
Pobre, verdadeiro e cruel
E para que isto mude
Cada um tem que fazer o seu papel
Exigir respeito
Andar direito
Ser exemplar
Levantar o peito
Erguer a cabeça
E ter confiança
Formar lideranças
Para conduzir
Essa gente bela
Sem esperanças
Todas as aquarelas
Juntas em uma só cor
Agora essa casa é sua
Esse prédio, essa rua
Foi você quem construiu essa cidade
Esse país é nosso
Esse mundo é nosso
Ele é meu e ele é seu
É de todos nós
De todas as raças, cores
Credos, seitas e religiões
Mas eu insisto
Porque existo
Quero respeito, não abro mão
Temos que conviver juntos
Ecumenicamente
Pois agora somos todos irmãos






Morte e Vida Severina
Chico Buarque
Composição: Chico Buarque sobre poema de João Cabral de Mello Neto

Imagem retirada da internet: morte e vida severina


Esta cova em que estás, com palmos medida
É a conta menor que tiraste em vida
É de bom tamanho, nem largo, nem fundo
É a parte que te cabe deste latifúndio
Não é cova grande, é cova medida
É a terra que querias ver dividida
É uma cova grande pra teu pouco defunto
Mas estarás mais ancho que estavas no mundo
É uma cova grande pra teu defunto parco
Porém mais que no mundo, te sentirás largo
É uma cova grande pra tua carne pouca
Mas à terra dada nao se abre a boca
É a conta menor que tiraste em vida
É a parte que te cabe deste latifúndio
(É a terra que querias ver dividida)
Estarás mais ancho que estavas no mundo
Mas à terra dada nao se abre a boca




terça-feira, 3 de agosto de 2010

O Congresso Nacional Volta a discutir a Redução da Maioridade Penal. Não sejamos imediatistas!



Diga não à Redução da Maioridade Penal!!




O Congresso Nacional volta a debater a questão da Redução da Maioridade Penal. É necessário que discutamos e que conheçamos todas as condições implicadas no ato infracional cometido por um adolescente e todas as tendências imediatas de nossa sociedade a se indignar com a situação e a exigir punição ao infrator, como se assim fossem solucionados todos os problemas.

Precisamos nos ater à especificidade do adolescente como sujeito em desenvolvimento, como alguém que necessita construir um projeto de vida e que se encontra em plena possibilidade de ressignificação de sua história.

É preciso que tomemos consciência de que a punição, como alternativa para o autor de um ato infracional não muda a nossa realidade, se assim fosse, não teríamos tantas instituições carcerárias lotadas. Portanto, no que se refere ao adolescente, principalmente, precisamos urgentemente rever os conceitos, precisamos estar atentos a esse modo de resolução simplista em que tendemos a excluir aqueles que não se adaptam, como é o caso do adolescente autor de um ato infracional.

Fizemos isso por muito tempo com aquelas pessoas "loucas" que assustavam a sociedade e que ameaçavam a ordem, ainda fazemos com algumas pessoas que têm determinados tipos de transtorno mental.Temos sempre a idéia de que devemos limpar a sociedade, bem ao modo de reprodução do modelo "higienizante" de ações em saúde mental.

Portanto, deixo aqui um apelo a todos para que nos mobilizemos contra esse projeto de lei que pretende reduzir a maioridade penal e para que possamos criar, cada vez mais, espaços de discussões que incrementem a eleição de estratégias de enfretamento que sejam, realmente, enriquecedoras e agentes de transformações sociais.



" As 10 razões da Psicologia contra a redução da maioridade penal" *

Conheça as 10 razões da Psicologia contra a redução da maioridade penal:

1. A adolescência é uma das fases do desenvolvimento dos indivíduos e, por ser um período de grandes transformações, deve ser pensada pela perspectiva educativa. O desafio da sociedade é educar seus jovens, permitindo um desenvolvimento adequado tanto do ponto de vista emocional e social quanto físico;

2. É urgente garantir o tempo social de infância e juventude, com escola de qualidade, visando condições aos jovens para o exercício e vivência de cidadania, que permitirão a construção dos papéis sociais para a constituição da própria sociedade;

3. A adolescência é momento de passagem da infância para a vida adulta. A inserção do jovem no mundo adulto prevê, em nossa sociedade, ações que assegurem este ingresso, de modo a oferecer – lhe as condições sociais e legais, bem como as capacidades educacionais e emocionais necessárias. É preciso garantir essas condições para todos os adolescentes;

4. A adolescência é momento importante na construção de um projeto de vida adulta. Toda atuação da sociedade voltada para esta fase deve ser guiada pela perspectiva de orientação. Um projeto de vida não se constrói com segregação e, sim, pela orientação escolar e profissional ao longo da vida no sistema de educação e trabalho;

5. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) propõe responsabilização do adolescente que comete ato infracional com aplicação de medidas socioeducativas. O ECA não propõe impunidade. É adequado, do ponto de vista da Psicologia, uma sociedade buscar corrigir a conduta dos seus cidadãos a partir de uma perspectiva educacional, principalmente em se tratando de adolescentes;

6. O critério de fixação da maioridade penal é social, cultural e político, sendo expressão da forma como uma sociedade lida com os conflitos e questões que caracterizam a juventude; implica a eleição de uma lógica que pode ser repressiva ou educativa. Os psicólogos sabem que a repressão não é uma forma adequada de conduta para a constituição de sujeitos sadios. Reduzir a idade penal reduz a igualdade social e não a violência - ameaça, não previne, e punição não corrige;

7. As decisões da sociedade, em todos os âmbitos, não devem jamais desviar a atenção, daqueles que nela vivem, das causas reais de seus problemas. Uma das causas da violência está na imensa desigualdade social e, conseqüentemente, nas péssimas condições de vida a que estão submetidos alguns cidadãos. O debate sobre a redução da maioridade penal é um recorte dos problemas sociais brasileiros que reduz e simplifica a questão;

8. A violência não é solucionada pela culpabilização e pela punição, antes pela ação nas instâncias psíquicas, sociais, políticas e econômicas que a produzem. Agir punindo e sem se preocupar em revelar os mecanismos produtores e mantenedores de violência tem como um de seus efeitos principais aumentar a violência;

9. Reduzir a maioridade penal é tratar o efeito, não a causa. É encarcerar mais cedo a população pobre jovem, apostando que ela não tem outro destino ou possibilidade;

10. Reduzir a maioridade penal isenta o Estado do compromisso com a construção de políticas educativas e de atenção para com a juventude. Nossa posição é de reforço a políticas públicas que tenham uma adolescência sadia como meta.


Assinam a campanha contra a redução da maioridade de penal as seguintes entidades da Psicologia brasileira:

Associação Brasileira de Ensino de Psicologia – ABEP
Associação Brasileira de Orientação Profissional – ABOP
Associação Brasileira de Psicoterapia e Medicina Comportamental – ABPMC
Associação Brasileira de Psicologia Política – ABPP
Associação Brasileira de Neuropsicologia – ABRANEP
Associação Brasileira de Psicoterapia – ABRAP
Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional – ABRAPEE
Associação Brasileira de Psicologia do Esporte – ABRAPESP
Associação Brasileira de Psicologia Social – ABRAPSO
Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia – ANPEPP
Conselho Federal de Psicologia – CFP
Coordenação Nacional dos Estudantes de Psicologia – CONEP
Federação Nacional dos Psicólogos – FENAPSI
Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica – IBAP
Sociedade Brasileira de Psicologia do Desenvolvimento – SBPD
Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar – SBPH
Sociedade Brasileira de Psicologia Organizacional e do Trabalho – SBPOT
Sociedade Brasileira de Psicologia e Acupuntura – SOBRAPA


Imagem retirada da internet: Redução da maioridade penal